segunda-feira, janeiro 26, 2004

Ducaralho

O transito estava praticamente parado. Tudo por conta do bloqueio na avenida principal.
Justo na hora do rush...só poderia resultar naquele tumulto.

Já no estacionamento, o volume de carros era grande.
Tanto carro, numa sexta chovosa como aquela...

Quando vi os fogos acendendo no céu, achei bonito. Deu vontade de parar e ficar assistindo.
Mas prossegui correndo. Afinal, o verão estava aí e eu ainda não tinha perdido todos os kilos que achei nas festas de fim de ano.


Foi quando ouvi a voz do LULA, Presidente da República, me dei conta...

ESTÃO INAUGURANDO A FONTE!!!

Não tinha tanta gente, dava para escolher o local a beira da lago.
Escolhi um que parecia estratégico. Bem localizado, com visão total da fonte, e principalmente, vazio.
Faltavam poucos minutos para a fonte ser ligada.

Sem querer, eu estava lá. No dia da inauguração da fonte!!!!

O presidente Lula ainda discursava, mas não era possivel ouvi-lo integralmente.
Pelo helicóptero da Rede Globo, que estava lá para a cobertura televisiva...e pelos quatro adolescentes, que apostavam que a fonte falharia na hora H...

Para acompanhar, os dois rapazes do grupo bebiam uma espécie de líquido colorido a cada comentario que faziam...apropriadamente armazenado numa garrafa PET de 2 litros...e estratégicamente acondicionada numa mochila.


Menino1:
"Nossa..esse lago é muito poluido...na época do Janio Quadros nao era assim..."
Menina1:
"É verdade...minha mãe disse que na época que o Janio era prefeito, o lago era mais limpo..."
Menino2:
"Fiquei sabendo que na gestão da Erundina, ela quis tirar as grades do parque..."
Menina de touca:
"Ducaralho...."


E assim, entre um gole e outro, relembraram os altos e baixos das gestões municipais anteriores, ainda que em boa parte delas, o mais velho do grupo não tivesse nem nascido.
Nesse momento, o João Paulo Diniz começa a discursar...:

"Esse daí e o filho do Abilio Diniz né?!...Porquê será que ele não veio?"
"Ah..vc acha que ele perderia o tempo dele subindo no palanque com o Lula e a Marta???"
"Mas não foi ele que deu a fonte de presente??...precisa ter muuuuuita grana pra dar um presente desses né...?!"
"É...ducaralho...", completava a menina de touca.


Em seguida, a vez da prefeita Marta Suplicy...:

"Buuuuuuuu...!!!!! FORA MARTAAAAAAAA!!!!!!!"
"Peruaaaaaa!!!!!"
"FORAAAAAA!!!"
"DUCARALHOOOO!!!!!!", acrescentava aos gritos a menina de touca.


Longe de ser um protesto, a manifestação do grupo era mais adequadamente classificado como baderna.
Em todo caso, eles se divertiam fazendo isso...
Só eles.

Depois de toda a cerimônia, discurso de quem deveria discursar, corte de fita, descobrimento de placa, foi dado início a demonstração da fonte propriamente dita.
As luzes se apagam, e o povo todo fica em silencio.

Depois de alguns segundos, quebra-se o silencio com a retomada dos comentarios.

"Falei que ia falhar...UHUUUUUUUUU!!!! FALHOU, FALHOU!!!!! EU DISSE QUE IA FALHAR!!!!"
"É mano...acho que você tinha razão...o bagulho falhou mesmo..."
"Que sacanagem...eu queria ver a fonte funcionando..."
"Ducaralho....", disse a menina de touca.

De repente, um rufar de tambores seguido de um acompanhamento de metais enche o ar, ao mesmo tempo em que jatos dágua crescem progressivamente para cima, ilumidados
por luzes coloridas alternadas, preenchendo todas as sensações visuais e auditivas.
Um verdadeiro espetáculo de luz e som. De encher os olhos e ouvidos.

Mas ainda assim era possível escutar:

"DUCARALHOOOOO!!!!"
"ÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ....DUCARALHOOOO!!!!"
"DUCARALHO MESMOOOOO!!!!!!"
"DUCARALHOOOO!!!!!!"

O balé de aguas, com jatos orientados ora para cima, ora para os lados, faziam revoluções que emocionavam o público. Os efeitos proporcionados em conjunto das luzes, provocavam verdadeiros suspiros de admiração na platéia presente.

Temas que se tornaram típicos, canções que marcaram as situações cotidianas da cidade eram a trilha sonora de todo o espetáculo. Não faltaram "Trem das Onze", de Adoniram Barbosa, a música do Show da Manha da rádio Jovem Pan AM e nem "Pour Elise", mais conhecida como a Musica do Gás, entre outras.

Uma cortina d´água se formou para recontar a história da cidade de São Paulo, com imagens da época da fundação, cenas da época do café, até cenas contemporâneas de vultos e personalidades paulistanas. De nascimento ou de coração.

Nesse momento, os meninos e meninas já se abraçavam e pulavam, entoando a mesma frase em uníssono:

"DUCARALHO!!! DUCARALHO!!! DUCARALHO !!!..."


Foi um verdadeiro show. Daqueles reservados a grandes eventos.
E por acaso, eu estava lá.
Agora, já tenho o que contar aos meus netos...que no dia da inauguração da fonte, eu estava presente...(se é que ela sobrevive até lá)

E se me perguntarem como foi, poderei responder com a maior segurança e sem a menor influência externa em minha opinião.

"Foi DUCARALHO!!!"

(atualizado em 18/05/2004)

sábado, janeiro 17, 2004

"G-54, N-36, I-28, G-75, B-8...

... I-30, N-38..."

"BINGO!!!!!!!!"
"Uuuuuuuuuuu.....!!!!!"

É automático!
Não existe um bingo em que o acertador não leve uma vaia ao anunciar seu feito.
Parece até uma conspiração de todos contra um (ou um contra todos). E o mais engraçado é que é espontâneo.

Bingo, por alguma razão, é um jogo emocionante.

Sempre fui um mero espectador de bingos, por achar o jogo tão constrangedor como amigo secreto...
Talvez por não me considerar legítimo merecedor do prêmio, ou talvez por ser uma disputa entre amigos (bingo se joga entre amigos e parentes) cujo critério é o mero acaso das bolinhas caindo...

Bingo não é jogo de estratégia.
É só anotar os numeros cantados na cartela e pronto.
Se der, deu. Se não der, parte para outra cartela.
E assim, o bingo vai se consolidando como a melhor maneira dos Clubes e Associações angariarem fundos...

Mais uma vez, fui mero espectador num desses bingos beneficentes.
Confesso que fui atraído mais pela comida oferecida aos participantes do que pelo jogo em si, mas o jantar dava direito a uma cartela...
Com minhas anotadoras oficiais de bingo presentes (minha mãe e minha mulher), pude dar continuidade ao papel que sempre me coube nessas ocasiões: O de mero espectador.

Enquanto me deliciava com as especialidades típicas da culinária popular japonesa, observava que minha mulher, de posse de duas cartelas, não anotava nada.

Deve ser a tal maré de azar, pensei...

E o jogo continuava...

" B-5, I-20, N-39, G-68, G-51..."


Foi quando eu reparei.

"Olha...o 39 saiu...porque você nao anotou???"
"Saiu...mas eu nao achei o N.."
"N?? Que N???"
"N-39!!!! É que na minha cidade não tem letra no bingo..."

Assim, descobri que até bingo tem suas diferenças regionais.
E agora, minha mulher está preparada pra jogar em qualquer lugar do mundo.
Até onde o bingo tiver letra...

(atualizado em 18/05/2004)

sexta-feira, janeiro 09, 2004

MUDEI...

... a cara do bRog....
Peguei um template padrão e fiz umas pequenas alterações.
Mais alterações virão com o tempo.
Pra não ficar com saudades do antigo é so clicar nos arquivos.

quinta-feira, janeiro 08, 2004

DESDE A VIRADA DO ANO...

..eu tenho pensado muito em Puma.
E desde então, penso em Puma todos os dias.
São horas a fio pensando em Puma.
No banho estou pensando em Puma, na hora do almoço e até antes de dormir tem Pumas em meu pensamento.

O que mais me intriga é que o Puma, na verdade, nunca foi o carro da minha época, ao contrario do Diplomata, que eu tenho uns surtos de vontade (passageiros, felizmente) de comprar um.
Depois, não entendo a razão do Puma parar na minha cabeça. Coisa repentina.



Nada de mais pensar em Puma, mesmo porquê, ainda existem muitos à venda.
O problema é que eu penso em voltar a fabricar o Puma.
Quer dizer, a fábrica nunca foi minha...
Estive pensando em comprar os direitos, a marca, montar um galpão, contratar o profissionais, contactar os revendedores, viajar para os EUA...



O automóvel brasileiro de maior sucesso no exterior, ícone dos veículos fora-de-série* e ainda depois de tantos anos fora do mercado de veículos novos, desfruta de certo prestígio entre pessoas com mais de 30 anos de idade.
Inclusive, o Puma Club do Brasil existe para unir os proprietários em torno destes, que são uma verdaeira paixão.



Com todos esses atributos, só posso concluir que voltar a produzir o Puma é um negócio da China.
Aliás, com a abertura de seu mercado, até os chineses poderiam ter um Puma novinho em folha!

Na minha cabeça, o projeto está pronto. E nada me convence do contrário.

Agora só falta ganhar na Mega-Sena acumulada e começar a trabalhar...

Sempre pensando grande!!!!


(veículos fora-de-série* - automóveis feitos de maneira artesanal, em pequenas oficinas, que faziam muito sucesso antes da importação de automóveis ser permitida)