segunda-feira, julho 10, 2006

Por incrível que pareça...

...a frase mais inteligente que eu ouvi nessa Copa veio do Galvão Bueno.
Era mais ou menos assim:

"Para quem ainda não se conformou com a derrota do Brasil, o esporte é assim mesmo. Para um ganhar, existe outro que perde".


Não tenho dúvidas que o Brasil é o país do futebol e que o melhor futebol do mundo está aqui.
E isso não significa que seja o único.
Se assim fosse, não precisava disputar a Copa. Era só entregar o caneco de campeão.

Daria muito menos trabalho.

A melhor parte do fim da Copa...

...é que acaba também o pior do espírito patriótico.

Há muito se diz que brasileiro só pinta a cara com as cores da bandeira em época de copa do mundo de futebol. "Especialistas" entendem que o nosso futebol é símbolo de um Brasil vitorioso, e assim explicam esse orgulho nacional que aflora de quatro em quatro anos neste povo tão carente e sofrido.

Ainda me lembro das fitinhas verde-amarelas que usávamos nos 07 de setembro e 15 de novembro, pintávamos os cadernos com faixas verde e amarelas, entoávamos o Hino Nacional, o Hino à Bandeira, o Hino da Independência e da República em seus respectivos dias.
Como fui criança na época do último Presidente militar, talvez fosse um resquício da ditadura.
Como não sou mais criança depois de quatro eleições diretas para Presidente, não sei se ainda o fazem nas escolas.

Patriotadas a parte, a Copa de Futebol aflora o pior do imediatismo. De um dia para outro, jogadores passam de heróis a vilões. Aqueles que eram os salvadores da pátria passam a ser a vergonha nacional.O treinador, com um longo histórico vitorioso, passa a ser classificado de..."burro"...justo ele que após um "jejum" de 24 anos sem vitórias traz a quarta estrela para o escudo do Brasil. Alguns os chamam de mercenários, e que ganham muito dinheiro pelo trabalho que realizam.

E a marcação fora de campo foi cerrada.
Nesta edição de 2006, além de treino, até recreativo era televisionado!!!
Roda de bobinho tinha direito a comentarista e narrador.
Os jogos amistosos deram tanto público quanto os oficiais.
Nada passou incólume.
O cardápio, as roupas, a programação, as horas de lazer.
Tudo era acompanhado passo-a-passo, minuto-a-minuto.

Pelos comentários gerais, é clara a preferência (da torcida) por adversários com menor "tradição" (o não embate), assim como a preferência por jogos onde existe vantagem de gols desde os primeiros instantes. Seria o gosto pela vitória fácil e sem sofrimento?

Justo é exigir que a seleção jogue bonito e dê espetáculo, assim como é justo exigir o melhor desempenho do treinador e sua comissão técnica, mesmo que muitas vezes esta exigência seja baseada em achismos e outros tipos de palpite.

Só é uma pena que esta mesma exigência não se repita com os ilustres vereadores e deputados.

Ao invés disso, fazemos o contrário.
Nas eleições, torcemos. Na Copa, participamos.

Enquanto isso for assim, nada vai mudar.